19 maio 2008

Nublosidades






Devia ter sido mais perspicaz, os sinais de que hoje ia ser um daqueles dias em que não deveria ter saído de casa estavam lá, a noite a rebolar-me sobre mim, semi-acordada, a ver os minutos passarem num vermelho digital intermitente, o corpo a pedir mais cama quando de manhã o despertador tocou, pelo menos mais do que o costume...
Ao longo do dia, percebi, não era apenas a naúsea de me arrastar num dia sem sol, nubloso
Afligiu-me a falta de vontade de sorrir, quanto mais de rir a gargalhadas despregadas, daquelas que normalmente me apetecem, mas que hoje não me saíram, ficaram aqui, entaladas, presas, antes que as minhas cordas vocais as pudessem libertar, antes que o mundo as pudesse ouvir... o mundo que normalmente amo, é hoje o mundo que me atormenta, porque me rodeia sem esperança, nesta vidinha que passa, igual em desigualdades, irremediavelmente indistinta nas opções, nas emoções... é a inércia que me enoja, do levantar, do trabalhar, do ir e do voltar e regressar sempre ao mesmo sítio nestes dias nublosos, nestes dias sem vida dentro da vida.

2 comentários:

Rakel Macedo disse...

Como te entendo Patrícia... Há dias em que parece que de repente tudo o que pode correr mal, corre ainda pior. Em que as pessoas que nos rodeiam nos irritam quando falam. Nos irritam quando ficam caladas. Em que o trânsito não ajuda. Em que o trabalho parece que nos vai sufocar. Em que olharmos para os dias, os meses, os anos que se avizinham sufucamos, quase murchámos ao ver dia após dia, tudo igual, tudo sem cor...
Enfim...
E em que no final do dia alguém nos diz «são fases» e nós temos vontade de lhe abrir o crânio na primeira pedra que encontrarmos...

Patrícia Nave disse...

.... and life goes on...